Agroecologia, ancestralidade e feminismo são temas da nova exposição de Renata Egreja, em São Paulo
- Anna Silveira
- 8 de jul.
- 6 min de leitura
Galeria Fonte – dos artistas visuais Marcelo Amorim, Nino Cais e Simone Moraes - receberá a mostra individual da artista a partir do dia 12 de julho de 2025, na Vila Madalena.

A partir do sábado, dia 12 de julho, o espaço Fonte – organização que oferece desde 2013 residências para artistas internacionais, estadias para artistas de outros estados brasileiros e ateliês temporários para jovens artistas – abre suas portas para a exposição “A Montanha em Mim”, da artista visual Renata Egreja, demarcando um ponto de inflexão em sua trajetória artística: um retorno à terra, mas também uma expansão simbólica de seu próprio território criativo.
“Se antes a narrativa da produção da Renata era permeada por códigos íntimos da domesticidade da mulher, atravessada pelas violências do cotidiano entre paredes, agora ela se ancora em uma poética mais telúrica, que ecoa vozes silenciadas de várias épocas e abre caminho para uma identidade coletiva, extraída da sua própria ancestralidade feminina”, explica a curadora Marina Bortoluzzi – fundadora da plataforma mundial WOW - Women on Walls, que assina a curadoria e o texto da exposição.
Em “A Montanha em Mim”, a artista (que possui trabalhos integrando acervos como o do Itamaraty, MAC Sorocaba e FAAP, e já foi reconhecida com os prêmios Jovens Talentos da Université Paris-Dauphine, Itamaraty de Arte Contemporânea, Sanskriti Foundation e Prêmio Trajetórias Artísticas do Governo do Estado de São Paulo) aprofunda sua pesquisa a partir da sua experiência pessoal da vida rural, coletando elementos pictóricos do sítio de sua linhagem materna, localizado em Ipaussu, no interior do estado de São Paulo.
Egreja cresceu entre as plantações agrícolas da região centro-oeste paulista até os 14 anos e, em 2019, retornou ao território para viver e trabalhar, juntamente ao marido e as duas filhas, reafirmando o vínculo com suas raízes, cultivadas há quatro gerações sob uma liderança matriarcal. “Em tempos em que o agronegócio é visto muitas vezes sob uma perspectiva de vilão dentro de cenários políticos e para a conservação de meio ambiente no Brasil é preciso reforçar que a presença de mulheres líderes no campo sempre trouxe uma perspectiva positiva neste contexto. Como a gestão eficiente de recursos, a adoção de práticas sustentáveis e a inovação em processos produtivos. Mulheres que lideram propriedades rurais costumam fazer a diferença otimizando a produção com base na humanização no trabalho, promovendo sustentabilidade, segurança alimentar, desenvolvimento local e bem-estar nas zonas agrícolas”, explicou Renata, reverenciando o trabalho no sítio onde vive, que foi iniciado pela avó materna.
Para Renata, após uma longa trajetória - que inclui exposições em importantes instituições, como Instituto Tomie Ohtake, Paço das Artes, MAC Sorocaba, Museu de Arte de Curitiba, Sesc-SP, FAAP e Pinacoteca Forum das Artes - este é um momento de virada ética e política em sua pesquisa e produção. “Eu recuso a ideia de um feminino frágil, delimitado pelas bordas do sistema. Acredito em uma visão insurgente, em que o corpo da mulher e o chão cultivado compartilham a mesma lógica de exaustão e, ao mesmo tempo, de potência regenerativa”, explica a artista, que aos 41 anos, apresenta uma produção madura, onde alegria e melancolia; jovem e anciã coexistem, integrando luz e sombra. “As montanhas que a cercam, podem ser guardiãs ancestrais, como também reflexo do seu próprio self. Em seu interior cavernoso e uterino, abriga metais preciosos, escavados de suas profundezas. Ao se reconectar com suas raízes como fonte de sabedoria e força criadora, ela semeia um novo ciclo”, explica a curadora.
“A Montanha em Mim” chama a atenção pela pintura monumental e expandida, que rege o eixo curatorial e a paleta cromática da exposição, composta por quatro telas de larga magnitude, que preenchem a sala expositiva da galeria Fonte como um site specific, nos transportando para outra dimensão, imersos ao universo metafísico e onírico da artista. Além disso, a individual apresenta 20 obras em técnicas e materiais diversos, como pintura a óleo e acrílica, pigmentos naturais e sintéticos, purpurina, aquarelas, instalação imersiva e cerâmicas.
Serviço
Renata Egreja: A Montanha em Mim
Curadoria de Marina Bortoluzzi
abertura 12 de julho, das 14h às 19h
visitação 12 de julho a 09 de agosto de 2025
quintas e sextas-feiras, das 14h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita
Rua Mourato Coelho, 751 - Vila Madalena, São Paulo
Metrô Fradique Coutinho
Sobre Renata Egreja (n. 1984, São Paulo)
Desde a infância, Renata Egreja vivencia a natureza de forma íntima, no sítio de sua família matriarcal, em meio às plantações agrícolas no centro-oeste do estado de São Paulo. Essa experiência molda sua trajetória, que também abarca a vivência da maternidade e o trabalho como doula. Em 2019, retornou ao local e mora com o marido e as duas filhas em Ipaussu, onde cresceu. Iniciou sua formação em Artes Plásticas na FAAP-SP e, entre 2007 e 2013, viveu em Paris, onde concluiu graduação e mestrado na École Nationale Supérieure des Beaux- Arts. Durante esse período, aprofundou-se em técnicas como afresco, fundição em bronze, escultura em mármore e morfologia do corpo humano, com professores como Giuseppe Penone, Christian Boltanski e Annette Messager. A vivência francesa ampliou sua visão de mundo e consolidou uma base artística sólida, marcada pela disciplina do ateliê e por uma compreensão sistêmica da arte.
Antes disso, Renata Egreja mergulhou no Carnaval de forma visceral, trabalhando com alegorias em Escolas de Samba como Mocidade Independente de Padre Miguel (RJ) e Nenê de Vila Matilde (SP). A imersão nesse universo coletivo e ritualístico ressoa até hoje em sua obra, que combina exuberância, movimento e um olhar festivo sobre a matéria pictórica, utilizando a purpurina como recurso constante.
Participou de exposições individuais em galerias como Zipper, Lume e FAMA, além de coletivas em espaços como o Instituto Tomie Ohtake, Paço das Artes, MAC Sorocaba, Museu de Arte de Curitiba, Sesc-SP, FAAP e Pinacoteca Forum das Artes, entre outros. Internacionalmente, apresentou trabalhos em Milão (Itália), Frankfurt (Alemanha), Nova Déli (Índia) e Miami (EUA). Suas obras integram acervos como o do Itamaraty, MAC Sorocaba e FAAP, e já foram reconhecidas com os prêmios Jovens Talentos da Université Paris-Dauphine (2010), Itamaraty de Arte Contemporânea (2012) e Sanskriti Foundation (2013) e Prêmio Trajetórias Artísticas do Governo do Estado de São Paulo.
Ainda que transite por suportes como escultura, cerâmica, bordado, instalação, aquarela e performance, é na pintura que Renata Egreja encontra seu eixo vital. Suas telas, frequentemente em grandes formatos, articulam gestos expansivos, cores intensas e camadas de tinta que revelam uma pesquisa sobre ritmo, fluidez e transbordamento.
Cada obra se constrói como um organismo vivo, em processo contínuo de expansão e transformação. A artista se reconhece dentro de uma constelação que chama de “família artística”, reverenciando nomes que vieram antes dela como Sonia Delaunay, Tarsila do Amaral, Beatriz Milhazes, Georgia O'Keeffe, Louise Bourgeois e Leda Catunda. Mulheres que, a partir de universos estéticos singulares, exploraram a cor como linguagem afetiva, a abstração como construção simbólica e o corpo feminino como potência.
Sobre Marina Bortoluzzi (n. 1983, Florianópolis. )
Marina Bortoluzzi é curadora de arte e pesquisadora contemporânea. Sua pesquisa curatorial transita na interseção entre arte, mulheres, metafísica e espiritualidade. Vive e trabalha em São Paulo há 15 anos.
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo, sua dissertação "Abstração Espiritual: Hilma af Klint e a egrégora mística feminina na Arte Moderna” (2024) explora o conceito de Abstração Espiritual, através da análise crítica das obras da artista sueca e do seu grupo De Fem (Anna Cassel, Sigrid Hedman, Mathilda Nilsson, Cornelia Cederberg), em comparação à produção de suas contemporâneas: Anna Mary Howitt, Georgiana Houghton, Agnes Pelton e Emma Kunz.
Marina apresenta mais de 15 anos de experiência em pesquisa, curadoria, conteúdo, consultoria e coordenação de projetos de arte. A curadora foi palestrante no South by Southwest, em Austin - Texas, em 2014; no Wynwood Walls, em Miami, em 2015; no Hacktown Brasil, Meca (Jardim) e Casa Clã, em 2023; no Wool Festival, em Portugal, em 2024; premiada no Vozes30 pelo Papel e Caneta, em 2023; e contribuidora para portais de tendências como WGSN, JWT Intelligence e Protein. Assina a curadoria de exposições de arte no Brasil, Rússia, Alemanha e Estados Unidos.
Em 2020, fundou o WOW - Women on Walls e, em 2022, o transformou em uma plataforma mundial voltada para a valorização e crescimento profissional das mulheres e pessoas não-binárias nas artes visuais. Em 2024, lançou o Spiritual in Art, projeto focado em pesquisa, exposições e experiências imersivas sobre o espiritual na arte.
WOW - Women on Walls
Spiritual in Art
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