"Toyota faz parte do grupo de artistas que, na década de 1960, decretou o fim da pintura de cavalete e da escultura figurativa, convidando o público a participar de novas experiências estéticas, cinéticas, interativas e sensoriais. O artista se utiliza das múltiplas possibilidades do reflexo para, nas suas próprias palavras: “compreender o significado do Cosmos”. As imagens que surgem nos seus relevos polidos fisgam o espectador instigando novas realidades. Nelas o visível torna-se invisível, a leveza contrapõe-se ao volume, a unidade é replicada na pluralidade, o positivo é também o negativo.
Nascido no Japão em 1931, Toyota chegou ao Brasil na década de 1950. Começou sua carreira como pintor recebendo alguns dos mais importantes prêmios do circuito de arte brasileiro, como o do Salão Esso, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965, que o levou à Itália. Na efervescente Milão dos anos 1960 desenvolveu uma linguagem inovadora expondo ao lado de Enrico Castellani, Bruno Munari, Manzoni e Le Parc. Na volta ao Brasil seu trabalho pioneiro chamou a atenção da crítica e o levou a participar de inúmeras exposições coletivas e individuais.
Em 1968 recebeu o Prêmio Governo do Estado na emblemática II Bienal Nacional de Artes Plásticas da Bahia. Sua participação na X Bienal Internacional de São Paulo, 1969, foi uma das mais comentadas e premiadas da mostra, pois convocava o espectador à interação, incluindo uma instalação que hoje chamaríamos de imersiva. Em 1972 foi o grande premiado do Panorama de Arte Atual Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo. A partir de 1973, paralelamente a mostras nacionais e internacionais, Toyota passa a realizar trabalhos de maior porte, integrados à arquitetura ou à paisagem, semeando mais de 100 obras monumentais entre Brasil e Japão. Neste mês de maio o artista completa 93 anos, em pleno vigor criativo.
A exposição Cosmorreflexos propõe um recorte da recente produção de Toyota na qual ele revisita alguns elementos recorrentes em seu trabalho, apresentando-os em nova clave. Realizadas em grandes formatos, são obras que, mais do que contemplação, oferecem ao espectador uma vivência, uma experiência artística.
No percurso de Toyota o círculo sempre esteve presente. Aqui ele se detém sobre círculos concêntricos distorcidos, relevos monocromáticos côncavos e convexos que aludem aos opostos que se completam: à dualidade In/Yo (Yin/Yang). Na sua linguagem pessoal, com alumínio e aço, ele instaura a superfície reflexiva como quarta dimensão, usando elementos aplicados sobre placas côncavas criando visões diferentes a cada movimento do espectador. São curvaturas virtuais, inversões ascendentes, flexões descendentes. O artista também agrega a cor, inserindo-a de forma camuflada, como uma inesperada presença sutil e vibrátil. E quando o relevo reivindica o espaço, Toyota chega às esculturas, dominando completamente as relações entre ambiente e escala.
Um artista múltiplo, que nos proporciona um mundo fascinante – pleno e irrealmente real!" - Denise Mattar
Em 22/05/2024 a Galeria Ricardo Von Brusky abriu a exposição “Cosmorreflexos” de Yutaka Toyota, com texto de Denise Mattar. Confira as fotos do evento: https://www.arteempauta.com.br/22-05-2024-galeria-ricardo-von-brusky
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